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Baixa libido e o uso de antidepressivos

É uma dúvida frequente no meu consultório a relação entre remédios antidepressivos e diminuição da libido. Antes de tratar esse tema, é preciso trazer alguns dados sobre a depressão, doença tratada por esta medicação.

Segundo a  Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão atinge cerca de 350 milhões de pessoas no mundo. A estimativa é que 19% da população mundial possua depressão em algum momento da vida. De acordo com a OMS ela é também a doença que mais produz incapacidade funcional em todo o mundo.

Depressão: o que é?

Uma das principais características da depressão é a deficiência de substâncias neurotransmissoras, como a serotonina. Neurotransmissores são substâncias químicas responsáveis por manter a comunicação entre o cérebro e o corpo. A serotonina regula o humor, apetite e até mesmo a frequência cardíaca.

Essa deficiência química no cérebro pode causar vários sintomas, entre eles, o paciente pode sentir tristeza constante, perda de interesse e prazer nas atividades rotineiras, aí está incluído o sexo, ganho ou perda de peso, redução ou aumento de apetite, insônia ou excesso de sono, agitação ou lentidão psicomotoras, sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade diminuída para pensar, se concentrar e tomar decisões e ainda pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida.

Os remédios usados para combater a depressão, os chamados antidepressivos, regulam a transmissão da serotonina. O problema é que, ao aumentar o nível desta substância química no corpo, as medicações tendem a diminuir a ativação de outros dois neurotransmissores importantes: a dopamina e a norepinefrina. A dopamina está ligada à excitação e ao amor romântico, já a norepinefrina é associada ao foco e à motivação

Antidepressivos e libido

Dessa forma, alguns estudos sugerem que quase 73% das pessoas que tomam esses medicamentos começam a ter problemas com o apetite sexual.

Esse efeito colateral é uma das principais causas de abandono do tratamento. O que é um erro grave, pois ao suspender o uso do remédio ou diminuir a dose sem acompanhamento médico, a pessoa fica sujeita a outros episódios da depressão, que pode se tornar uma doença crônica. Apenas um tratamento efetivo, no tempo necessário e na dose adequada consegue controlar o quadro, que pode incluir nos seus sintomas a diminuição da libido, e é uma doença grave, que pode levar à morte.

O que fazer?

Sei que uma vida sexual saudável é super importante para o bem-estar e felicidade individual e também relacional. A boa notícia é que situações de redução do apetite sexual decorrentes do uso de antidepressivos são reversíveis. A libido pode voltar assim que o corpo se acostumar com a medicação ou melhorar quando a doença estiver controlada.

É normal a ausência de libido ser um problema apenas no início do tratamento, mas assustar o paciente. Os benefícios da medicação antidepressiva começam a surgir depois de 2 a 4 semanas de uso. Já o prejuízo sobre a esfera sexual pode aparecer no intervalo de 1 a 3 semanas após o início do tratamento. O efeito colateral às vezes antecede a mudança positiva de humor ou a redução de sintomas, o que requer paciência.

Nos casos em que o problema persiste, é possível cogitar outras possibilidades, como trocar de remédio ou alterar a dosagem. Nem todos os antidepressivos têm o mesmo impacto sobre o sexo e nem todas as pessoas reagem da mesma forma a um fármaco.

O médico pode pensar também em outras medidas como mudanças na rotina e busca de psicoterapia. Exercícios físicos e uma dieta equilibrada também são fatores que interferem na libido.

O mais importante é conversar com o psiquiatra sobre esse assunto e não tomar decisões sem a avaliação médica. Um estudo revelou que metade dos pacientes não fala sobre sexualidade com seus médicos.

Informar o médico psiquiatra que sua  vida sexual está comprometida é necessário para que o profissional leve isso em consideração na hora de escolher as estratégias do tratamento. Cada caso deve ser analisado.

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Sobre o(a) autor(a): Dra. Stefânie Rodrigues
Picture of Dra. Stefânie Rodrigues
Dra. Stefânie Rodrigues é Médica Psiquiátrica, formada na Universidade Federal de Campina Grande, com residência em Psiquiatria no Hospital Municipal do Campo Limpo, em São Paulo, SP. Atualmente, realiza Pós-Graduação em Psiquiatria Infantil na POSFG (SP).
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