Ao contrário de manifestações e problemas físicos, o diagnóstico de transtornos mentais são mais complexos, pois envolvem uma série de fatores que nem sempre os exames laboratoriais e de imagem são capazes de detectar. Por essa razão, muitas pessoas questionam se há ou não uma forma tangível de identificar os distúrbios da mente.

Para avaliar um caso psiquiátrico é necessário, primeiramente, muita conversa. Muitas vezes, não só com o paciente, mas também com familiares e pessoas próximas. O histórico e o acompanhamento do comportamento e dos acontecimentos são essenciais para identificar sintomas, distinguir uma doença da outra e encontrar respostas e tratamentos corretos.

Além disso, diferente de uma avaliação cardiológica, por exemplo, o diagnóstico psiquiátrico leva tempo e demanda paciência – pois é importante não só tomar conhecimento do caso, mas também monitorar sua evolução. 

Com isso, há muitos pacientes que consideram uma consulta psiquiátrica um bicho de sete cabeças, e não entendem por que o diagnóstico final é tão demorado. O que contribui para mistificar ainda mais a especialidade e a importância do cuidado com a saúde mental.

Então o único exame é a conversa?

consulta psiquiátrica

Colher adequadamente o histórico do paciente é essencial e não há testes ou técnicas que substituam esse procedimento. No entanto, existem exames de sangue e de imagem que também podem ajudar a complementar o diagnóstico de transtornos psiquiátricos. 

A ressonância magnética, por exemplo, é capaz de criar um mapa da superfície cerebral e demonstrar mudanças estruturais ou de atividade que podem estar relacionadas a algum distúrbio. Além disso, outros exames também podem ser solicitados para investigar a presença de problemas clínicos físicos  – que podem se manifestar na forma de síndromes psiquiátricas -, determinar a necessidade de tratamento com medicamentos, e avaliar seus efeitos tóxicos e terapêuticos.

Recentemente, pesquisadores brasileiros desenvolveram uma nova metodologia que permite diagnosticar, a partir de um único exame de sangue, duas doenças psiquiátricas com sintomas muito parecidos: a esquizofrenia e o transtorno bipolar. O exame foi o primeiro capaz de diferenciar os transtornos por meio da análise de alterações bioquímicas e moleculares presentes nas patologias.

Essa é uma descoberta importante para a evolução no diagnóstico mais preciso e rápido de doenças mentais, mas ainda são necessários muitos estudos e práticas para a aplicação efetiva do método.

De qualquer forma, os exames clínicos são necessários para determinar se há outros distúrbios físicos relacionados ao quadro psiquiátrico – que podem ser a causa, consequência ou até mesmo o agravamento dos sintomas mentais.


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Sobre o(a) autor(a): Dra. Stefânie Rodrigues

Dra. Stefânie Rodrigues é Médica Psiquiátrica, formada na Universidade Federal de Campina Grande, com residência em Psiquiatria no Hospital Municipal do Campo Limpo, em São Paulo, SP. Atualmente, realiza Pós-Graduação em Psiquiatria Infantil na POSFG (SP).


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